Translate

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Epifanias diárias: Conflito silencioso

          Kinesianos, ultimamente eu tenho me desafiado a escrever vários textos, com temáticas e gêneros diferentes. Dos principais que eu estou escrevendo, estão as crônicas, que são fáceis de ler e bem interessantes porque tratam de acontecimentos do dia a dia que quase sempre passam despercebidos dos nossos olhares agitados.
      Bom, pensando nisso, eu resolvi criar um novo espaço no blog, uma subcategoria dentro de "Meus textos" e "Enquanto os olhos piscam". Nesse espaço, que vai se chamar "Epifanias diárias", eu irei divulgar algumas das minhas crônicas recentes, inspiradas em momentos que de repente me chamaram a atenção e instigaram a escrever essas histórias.

Obs.: As histórias são baseadas em fatos reais, mas com alterações de acordo com a criatividade e necessidade. 




   Deixo agora aqui embaixo a primeira crônica, "Conflito silencioso". Espero que gostem...

                                             Conflito silencioso

   Entrei no ônibus e sentei. Já estava começando a me acostumar com esse meio de transporte, apesar de não gostar. Como um hábito já adquirido, comecei a olhar para tudo e todos ao meu redor. Gosto de observar como as pessoas são estranhamente parecidas e ao mesmo tempo tão diferentes.
  Estando na metade do meu trajeto, entrou um grupo de pessoas, inclusive um senhor, que não era muito velho, mas já aparentava ter passado dos seus 50 anos pelo menos. Quando passou, não percebeu que havia um lugar vazio, o qual uma moça atrás dele aproveitou para sentar-se segundos depois, e acabou ficando de pé. Comecei a acompanhá-lo discretamente com o olhar. Aparentava estar incomodado, mas não se movia. Apenas roía a unha e olhava a janela.
  Pouco depois, entrou um casal, a mulher, com seus 30 e poucos anos, esperou impaciente o motorista liberar a catraca e andou até o final do ônibus. Também ficou de pé. Sentada, ainda com a atenção voltada para o senhor de antes, eu escutava as reclamações da moça atrás de mim. Não sei se o dia para ela estava ruim ou se seu jeito não era dos melhores.
   Mais alguns minutos e duas moças se levantaram. Olhei para o senhor, quase disse, “vai, é sua chance”, mas permaneci calada e ele imóvel. Não entendi. A moça atrás de mim também pensou o mesmo, mas para benefício próprio. Caminhou até o local do senhor, não conseguiu passar, pediu licença e ele, de súbito, se despertou e caminhou até os bancos vazios.
   Ela voltou irritada, “peço licença e ele vai para lá”, reclamou em voz alta para o marido ou para todos que estavam ali. Me incomodei com aquilo. Quando voltei a atenção para o senhor, ele ainda estava de pé em frente aos lugares vazios. Olhou disfarçadamente para baixo, como se resolvesse se o que estava para fazer era errado ou não.
   Enfim, sentou. Mais um segundo e pulou para o banco da janela, se ajeitou. Parecia estar bem agora. Eu sorri discretamente. Se pudesse diria a ele que não tem problema nenhum em querer para si algo que também é dele por direito. Quanto a moça, sentou pouco depois, mas ainda assim reclamava. Acho que era mesmo o jeito errado dela de ser. Pensei que precisava ouvir umas verdades mais duras, mas isso outra pessoa terá que se encarregar de fazer em outro momento.
   Ainda assim, num ímpeto pensei em dizer a ela o que estava entalado em minha garganta naquela hora. Cheguei a gesticular uma palavra em silêncio, mas não tive mais tempo. Meu ponto chegou, tive que descer.

-Amanda Sousa


Ônibus: Cenário do "Conflito silencioso"


   Bom, espero que tenham gostado da crônica de hoje e do "Epifanias diárias". Comentem aqui embaixo o que vocês acharam, vou ficar feliz em saber as opiniões de vocês.
   Esse blog é construído em conjunto, por isso se vocês tiverem alguma história bacana, de algum fato do cotidiano, que poderia virar uma crônica, me mandem, ela pode aparecer aqui. É só entrar em contato comigo através do e-mail que eu vou deixar aqui embaixo com o assunto "Epifanias diárias". Vou ler com carinho e se for possível escrever, publico aqui no Kinesis, com alterações para preservar a identidade dos envolvidos.
    Por hoje é só. Beijos e até breve! 

2 comentários:

  1. Gostei muito, adoraria que tivesse uma continuação! Você escreve de uma maneira tão simples mas que chama bastante atenção. Espero que poste muito mais!!! Bjs

    http://negadisse.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi, Naomy! Que bom que você gostou, fico muito feliz! Obrigada pelo elogio! Vai ter muito mais sim, com certeza! Bjs

      Excluir